A borboleta e o Filosofo
Hoje vou fazer uma reflexão mais filosófica tomando as palavras do grande filósofo brasileiro Mario Sergio Cortella, este é um trecho do seu artigo intitulado “Ilusionismos”, do livro “Não espere pelo epitáfio- Provocações Filosóficas”.
“Uma das mais antigas indagações humanas diz respeito à concretude e existência efetiva do real; há séculos que reflexões e escritos procuram, tanto no Ocidente quanto no Oriente estabelecer algum parâmetro que permita dizer com certeza que aquilo que vemos, experimentamos, pensamos ou sentimos existe de fato, não sendo apenas pura imaginação delirante ou ficção passageira. É clássica uma pequena história, de muitos e diferentes modos recontada, que diz ter um sábio chinês adormecido e sonhado que era uma borboleta; nesse sonho, a borboleta também dorme e sonha ser um sábio chinês. Quando acordam, quem acorda? Quem acorda o quê? Quem era quem ao despertar? Qual era a realidade e qual era o sonho?”
Nesse texto o Mário faz vários questionamentos, mas um questionamento bastante válido e que antecede todos esses que ele colocou seria: “Para que eu preciso saber de um sábio chinês que sonhou que era uma borboleta e ao mesmo tempo de uma borboleta que sonhou que era um sábio chinês? O que isso vai mudar na vida?”. Esse questionamento é maravilhoso! É exatamente aqui que nasce a Filosofia, a partir dos porquês! Todo porque tem a sua lógica e o seu fundamento, então vou tentar responder a esse porque tão profundo. Também quero deixar muito claro que essa reflexão leva a milhares de interpretações e estou fazendo apenas uma. Faça você a sua também! Vale a pena!
Eu analiso esse conto da seguinte forma: de acordo com o ponto de vista de cada um existem diversas interpretações válidas e verdadeiras. É possível que o sábio chinês esteja sonhando que é uma borboleta, pode ser que ele apenas veja uma borboleta dentro do seu sonho, pode ser que a borboleta esteja sonhando que é um sábio chinês e este nunca tenha existido, pode ser que não existam nenhum dos dois, pois há a possibilidade de outra pessoa sonhar que é um sábio chinês, inserir uma borboleta no seu sonho e que a borboleta também sonho dentro do seu sonho, pode ser que não exista simplesmente ninguém, apenas a imaginação de uma pessoa criando personagens, e por aí vai. É impossível eu dizer que uma interpretação é certa e outra é errada, todas estão certas e, ao mesmo tempo, todas não são verdades absolutas, ou seja, são pontos de vista individuais. Isso é interessante não acha?
Dessas palavras o que tiro de imediato é: Nunca se ache dono da verdade! Você não é. A sua verdade é único e exclusivamente sua, o que você disser pode ser concordado ou discordado por qualquer um e você deve respeitar os que pensam diferente, isso é liberdade, isso é livre-arbítrio. Esse próprio texto! Não estou impondo nada! Não espero que você acredite em uma só palavra que estou colocando, deixo tudo apenas como uma opinião e cabe a você concordar ou discordar! Faça sua escolha.
A outra interpretação que faço desse conto é sobre a ciência. Se você for um estudante ou um pesquisador da área da ciência deve ter boas referências, artigos, ideias, trabalhos, experimentos etc, que sejam CONCRETOS. Uma história como essa é muito abstrata e leva a diversas interpretações. Quem está na área das ciências não pode dar margem a várias interpretações, uma pessoa deve ler e entender exatamente o que foi escrito, a interpretação de alguém que mora no Brasil é a mesma de alguém que mora nos Estados Unidos, ou na África do Sul, ou na Antártida ou no Japão, não interessa. Todos devem ler e chegar as mesmas conclusões. Eu estou falando indiretamente sobre o que é chamado de método científico, no qual você escreve todo o texto seguindo uma norma padrão, relatando todas as referências utilizadas e explicando com detalhes tudo aquilo que for novo ou reinterpretado. Quem for estudante universitário vai entender muito bem o que estou colocando aqui.
Enfim! Há muito mais a ser interpretado desse conto tão rico! Deixo agora com você! E claro que não poderia concluir esse texto sem colocar a música do mestre Raul Seixas, “O conto do sábio chinês”.
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